Estamos em 2012, fala-se em final dos tempos, terremotos, tsunamis, inundações, mas acho que será um excelente ano para a Ornitologia brasileira, afinal de contas depois de muita luta da FOB teremos um mundial no Brasil, aguardamos com ansiedade a chegada das delegações estrangeiras, dos árbitros e principalmente as aves, pois será uma oportunidade excepcional para avaliarmos nossos exemplares.
Vamos falar agora em relação ao título do artigo, já faz alguns anos, não sei dizer com exatidão quantos, mas deve ser em torno de uns 15 anos, resolvi deixar os pássaros silvestres e me dedicar a criação de canários, desde criança com uns 7 ou 8 anos sempre gostei de pássaros, vivia pondo em gaiolas tizius, bicos de lacre, papa capim e outros até que um dia resolvi alçar vôos mais altos, me encantei com os canários do reino, mas na época era uma dificuldade, eram caríssimos e não havia a abundância de hoje, foi-se muito tempo até chegar no que vamos chamar de abnegação.
Como escrevi no outro parágrafo, há uns 15 anos alguns colegas, amigos e conhecidos resolveram amestiçar por motivo de "força maior" algumas raças: gibber x yorkshire, gibber x lancashire, gibber x F1 de lanca x york, entenda-se por motivo de "força maior" como a falta de exemplares, sobras de criação que não tinham casais para emparelhar, consanguinidade e o que mata o ser humano que é a curiosidade.
Esse ser humano era um criador filiado ao Centro Paulista dos Criadores de Canários Frisados, não sei se vivo ainda, chama-se Gentil, começou a cruzar canários holandeses que eram criados por alguns da velha guarda do CPCCF, com lancas e yorks de categoria inferior, o Seo Gentil então conseguiu colocar na cabeça de alguns criadores que era possível e viável criar pássaros bonitos, amestiçados e resistentes as doenças e com valor comercial acima dos ditos canários pés duros e foi realmente como ele previu, só que não sabia que a coisa iria crescer tanto, mas....
Enquanto isso na Espanha, com todos requintes de um país que já era "inventor" de outras raças de canários como raça espanhola, giboso, estavam trabalhando para o reconhecimento de um novo pássaro conhecido por lá como Llarguillo, mais tarde Llarguet Espanhol (pronuncia-se um jota misturado com lh, que só os espanhóis conseguem), e não é que conseguiram homologar a raça, em 2003 foi reconhecida pela COM como nova raça de porte, enquanto isso no Brasil......
As experiências do Seo Gentil ganharam adeptos, alguns outros criadores, entre eles Milton Mestre (meu pai), Seo Natalino de Campo Limpo Paulista (já falecido), Ciro de Várzea Paulista, Seo Jorge de Pirituba, e entre eles o que importava não era o standard de raça nenhuma simplesmente queriam criar canários que fossem de um comprimento parecido com os lancas ou yorks e muito "esbeltos", finos, melhor dizendo.
E vai ano, e entra ano e os cruzamentos continuam nas situações mais radicais ( gibber x lanca, gibber x york, holandes x lanca, f1 (gibber x lanca ou york) x f1 (holandes x lanca ou york)), assim por diante, até esse que vos escreve entrar na coisa, nunca pensei em criar para concurso ou campeonato, sempre olhei a ornitologia como um hobbie, sem compromisso. então uns 8 ou 9 anos atrás, comprei alguns lancashires e comecei a criar e logo vi a dificuldade de conseguir boas matrizes, mas como sou persistente, no ano de 2006 consegui junto ao meu sogro um bom incentivo para me associar a um clube e apesar de não querer compromisso com os canários, entrei com meu sogro como sócio do CCCJ - Clube dos Criadores de Canário de Jundiaí, e com mais conhecimento das raças de porte fiquei impressionado com a similaridade entre os llarguets e os canários que eram criados por meus conhecidos.
Já ficava impressionado com a beleza dos exemplares, pois na maioria eram derivados de casais formados por macho e fêmea amarelo intensos, ficavam muito enxutos de pena, causando uma impressão de esbeltez maior ainda, no inicio como contou-me o Seo Gentil, era difícil tirar as frisuras advindas dos cruzamentos com o Gibber.
Comecei então no rol de criadores que se especializou nesse "seguimento" e com mais contato com os criadores de porte, falei com o Eduardo Zilio que tem muita experiência, ele me disse que conseguiu já no 1º ano alguns resultados no cruzamento de lancas ou yorks de baixa qualidade com os muncheners, como estava entusiasmado com o desenvolvimento dos pássaros investi um pouco mais de gaiolas nessa criação, comprei alguns muncheners e scotch fancies e gibbers , com a postura não muito boa e tentei seguir trabalhando, tive as mesmas dificuldades que o pessoal que começou o trabalho, passei menos apuros, pois já tinha a direção dada por outros criadores e alguns exemplares cedidos por eles.
Só que a curiosidade aumenta conforme a evolução do ser humano, pensei, se ao invés de colocar os machos das raças menores, com as fêmeas maiores, fizer ao contrário? radicalizei, foram machos de york, lancas, f1 com fêmeas munchener, gibber, scotch e f1, resultado surpreendente, com os cruzamentos inter-raciais citados, no ano de 2009 apresentei alguns exemplares no Campeonato Brasileiro, o resultado na mesa foi muito bom, o que me deixou muito entusiasmado para o ano seguinte.
E foi em 2009 que conheci o criador e presidente do CCCC - Clube dos Criadores de Canarios de Cor, o Sr. Adilson Massaneti, que é tri-campeão da série de Llarguet espanhol, e conversando com ele vi que as dificuldades enfrentadas eram as mesmas de toda raça nova, pois com a proibição da entrada de pássaros de outros países não havia importação da raça Llarguet, sem dizer que os juízes sabendo da situação não dão a nota merecida no julgamento, e que sendo um cruzamento inter-racial relativamente novo do ponto de vista da ornitologia a porcentagem de descartes é muito grande, tanto que se o criador não tiver uma boa quantidade casais não conseguira formar quartetos.
Outro problema que pode se agravar futuramente, é que como foram criados poucos F1 para a fabricação dos Llarguets, a consanguinidade pode atrapalhar a qualquer momento, aí sim seria a hora da importação de matrizes para melhora da criação, ou então vamos continuar fabricando os F1 para mantermos pelo menos o padrão atual, que pelo que vimos através de filmes e fotos não é tão ruim quanto as notas que os canários estão recebendo nos julgamentos.
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